sexta-feira, abril 19, 2024
Gestão

Microchip, um custo desnecessário ou um diferencial do Criador?

Os Problemas que o Microchip se propõe a resolver

Um dos desafios dos cartórios de registro de pedigrees é saber de fato quem são os pais dos filhotes. Infelizmente, há criadores que não prestam informações corretas quanto a isso.

Outro problema era saber de fato se um animal registrado no pedigree era aquele apresentado. Em exposições, já ocorreram casos em que o animal registrado não era o animal apresentado, mas comprovar tal fraude era muito difícil.

Há ainda o problema de fuga do animal ou mesmo roubo. Seria muito útil identificá-lo de forma fácil para que pudesse retornar ao seu proprietário o mais rápido possível.

Para tentar resolver esses problemas, nos últimos anos se popularizou entre os criadores o opção do microchip subcutâneo. A popularização chegou a tal ponto de alguns cartórios exigirem que alguns animais sejam microchipados em alguns casos (padreadores e matrizes, animais que homologam títulos, etc).

Como funciona a Microchipagem

O microchip é encapsulado em uma cápsula inerte um pouco maior que um grão de arroz. É aplicado por aplicado especial na cernelha do animal e tende a não “navegar” sob a pele deles, permanecendo sempre no local onde foi aplicado.

Cada microchip é lido por um protocolo especial. Os microchips atuais, ao serem lidos por um leitor especial compatível com o mesmo protocolo, exibem o número de série do microchip.

O criador deverá ir a um site, geralmente do fabricante do microchip, para efetuar o cadastro completo, colocando o número do pedigree, dados do animal e do proprietário. É dessa forma que o link entre o animal e o dono se dará, através do número de sério do microchip e do cadastro no site. Existem outros sites onde o criador também poderá efetuar o cadastro.

O microchip também poderá ser registrado no contrato de venda e no pedigree do animal. O que também fará o vínculo entre o número do chip e a documentação do animal.

Problemas com a solução

O microchip atual apresenta uma série de problemas:

1) Necessidade de Leitores Especiais: Os leitores devem ser adquiridos por veterinários, clínicas, banhos e tosa, hotéis, protetores, clubes, etc. Somente assim haveria um volume significativo de profissionais da área utilizando e lendo.

Um animal perdido poderia ser facilmente localizado. Entretanto está longe da realidade. Existem muitos poucos leitores de microchip. Nem mesmos os clubes possuem leitores. Portanto, ao microchipar, não seria de se espantar que nunca na vida do animal, ele seja lido…

2) Vários sites para ler. Mesmo que o microchip seja lido, o outro desafio será descobrir em quais dos sites o número está cadastrado. E mesmo que estivesse cadastrado, não haveria segurança quanto as informações. Se o proprietário mudar o endereço, dificilmente ele iria atualizar as informações.

3) Microchip não é DNA. Ao efetuar o registro dos filhotes, ter o microchip não garante que de fato os filhotes são mesmo dos pais informados. Para isso deveria ser realizado um exame de DNA, mas esse é um assunto para outro artigo.

4) Poucos cães tem. A quantidade de cães utilizando microchip é ínfima, portanto, é muito pouco provável que um cão, mesmo de raça, ao ser encontrado na rua, tenha um microchip para identificá-lo. Dessa forma as autoridades e demais envolvidos no ramo pet (Vet’s, criadores, protetores,…) nem pensam em tentar ler um eventual microchip.

5) Solução de outro Segmento que foi adaptado. O microchip que se tem usado tem uma eficiência muito maior para cuidar de lotes de animais, que não é o caso dos pet’s. É uma solução para agilizar o manejo de gado, ovelhas ou mesmo cavalos. E mesmo assim os microchips deles geralmente não são subcutâneos.

Vantagem

Mas, afinal, não há vantagens em microchipar? Sim, há algumas vantagens.

O criador poderá se proteger de eventuais clientes mau intencionados. Ainda mais quando se tratam de raças cuja cor não varia muito (Rott, Westie, Pug, etc). Já houveram relatos de clientes que tinham outros animais que apresentaram problemas de saúde e tentaram atribuir os problemas ao animal do criador. O chip se torna uma segurança.

Há raríssimos relatos de sucesso no retorno de animais fugidos ou até mesmo roubados. Mas necessitou de uma intensa procura por parte do proprietário ou criador.

E, claro, nos casos que são obrigatórios, seja por causa dos cartórios, seja por causa de legislação (viagens, por exemplo)

Futuro

Já existem microchip’s subcutâneos com tecnologia NFC, ou seja, podem ser lidos por qualquer celular. E mais, ao serem lidos já direcionam para o site onde as informações são exibidas. Dependendo da solução proposta, ainda seria possível identificar o GPS do celular que efetuou a leitura, assim o dono já saberia da localização da leitura.

O maior problema do microchip atual é o leitor e dessa forma ele seria eliminado e poderia se utilizar qualquer smartphone moderno.

Outro problema seria a popularização do microchip. Ela poderia se dar por 2 caminhos, o primeiro por legislação e o segundo por percepção de benefício. Se os proprietário perceberem os benefícios do uso de um microchip eles vão requisitar isso para os seus pets.

Há estudos para tentar incorporta um gps e um microchip ativo, ou seja, ao invés de ser lido ele se conecta com o celular mais próximo sozinho. Entretanto essa tecnologia ainda está bem longe de ser uma realidade.

Vale a pena?

Em alguns casos ele é obrigatório, então, nesses casos, a microchipagem deve ser feita.

Geralmente, para criadores, o valor de um microchip é baixo. Entretanto é um custo a ser analisado.

Hoje a maioria dos criadores informam que microchipam seus animais mais como um diferencial do trabalho realizado do que de fato como um benefício percebido pelos clientes.

Existe a possibilidade de que um animal perdido possa ser encontrado via microchip, mas as chances disso ocorrer atualmente e infelizmente ainda são pequenas.

Alguns cartórios já estão até mesmo recuando da exigência da microchipagem.

Caberá a cada criador avaliar, se esse valor percebido pelo cliente vale o investimento do microchip em si e se a aplicação tratá uma segurança maior para o criador, que se justifique o investimento.

Eduardo Antunes

CEO do SistemaPET, Criador desde 1997. Bacharel de TI pela UFPEL 1998. Especialista em Marketing Digital.