Vale a pena criar uma raça exótica?
Criando uma raça exótica ou pouco conhecida
Criar raças que a população em geral não conhece é um desafio enorme. Uma raça exótica ou rara vem com um desafio agregado que o criador deve estar ciente e preparado para enfrentar.
Algumas raças tem hoje uma quantidade pequena de criadores, raças bem conhecidas, pois já foram até populares no passado. Mas não é dessas raças que iremos abordar nesse texto.
Existem mais de 350 raças caninas reconhecidas pelas principais entidades cinófilas no mundo. Entretanto a quantidade de raças de cães conhecidas pela população em geral não chega a 50. Nos Gatos, o número de raças registradas não chega a 100, mas a população conhece no máximo 10!
São as raças que podem ser consideradas exóticas. Algumas são conhecidas pelos demais criadores e até estão presentas nas exposições com certa frequencia. Mas são muito pouco conhecidas pelas pessoas em geral.
Primeiro Passo
Quando o criador decide criar uma raça exótica que não é conhecida, o seu primeiro trabalho é divulgá-la.
Ao contrário de raças populares (Spitz Alemão, Bulldogue, Persa) ou reconhecidas (Poodle, Pinscher, Main Coon) raças novas precisam que as pessoas as reconheçam pra que, em algum momento, desejem tê-las em casa.
A estratégia de divulgação nesse caso deve-se basear em 2 princípios fundamentais:
1) “Empurrar informações”
Fazer com que as imagens dos animais sejam exibidas para as pessoas que gostem de animais.
Uma das formas de atingir esse objetivo são as redes sociais onde você paga para que uma imagem seja divulgada para um número enorme de pessoas.
Cabe ao criador definir com a maior precisão possível para quais pessoas ele deseja divulgar mais.
A tendência é que grandes centros urbanos próximos absorvam melhor uma novidade do que regiões mais afastadas.
Também é fundamental conhecer as características da raça para que você possa determinar a faixa etária das pessoas que serão impactadas pela divulgação.
As imagens devem, no mínimo, despertar curiosidade, a fim de que elas possam dar o segundo passo.
2) Informações Completas
Escreva o máximo possível sobre a raça. E isso não é colocar o padrão da raça!
Escrever sobre como é o convívio no dia a dia, se vivem bem em grupos, como é a vida em apartamentos, se podem ficar sozinhos, sobre os custos de manutenção, etc.
Lembre-se que esse criador será uma das fontes de informação mais seguras para quem estiver pesquisando sobre a raça. Portanto estude bem antes de postar.
Hoje em dia, até mesmo vídeos são importantes. Nele você poderá ter a oportunidade de falar mais sobre a raça exótica e demonstrar ela interagindo em várias situações.
Aproveite para tirar sempre fotos que despertem o interesse das pessoas. Para conhecer algumas dicas, olhe nosso artigo para tirar boas fotos.
Montar um site completo e eficiente é fundamental para ter sucesso numa boa divulgação da raça e do canil. Para saber mais olhe esse outro artigo.
Custos
Em muitos casos, a raça exótica que está se querendo criar nem é criada no país. Portanto, o criador terá o trabalho de, no mínimo, trazer um casal do exterior. Logo, os custos já podem ser altos logo de cara.
Como mencionamos, a divulgação é fundamental, portanto, o valor investido em marketing deve ser considerável no início. Principalmente para criar a demanda para que dê um fluxo legal para os filhotes.
Os demais custos tendem a serem os mesmo de cães com as mesmas características, portanto o controle desde o início deverá ser fundamental para não extrapolar os investimentos.
Desvantagens
A maior desvantagem é o desconhecimento das pessoas sobre a raça exótica. Portanto, a princípio, não há um mercado demandando filhotes da raça. Isso vai gerar uma pressão enorme no criador para vender seus filhotes a valores muito baixos.
O investimento realizado na divulgação da raça, poderá ser aproveitado por novos criadores que poderão surgir caso o criador tenha sucesso em realizar uma divulgação eficiente.
Geralmente raças exóticas tem uma variabilidade genética baixa. Isso exige importações constantes e um estudo constante para que o COI não fique muito alto e gere problemas de saúde nos filhotes.
Vantagens
Uma grande vantagem de estar sozinho ou quase sozinho é que o criador poderá ser a referência da raça no país.
Após o período inicial de divulgação, o criador poderá se tornar sinônimo da raça. Dessa forma os clientes, ao pesquisarem sobre a raça, chegarão a você facilmente.
Como pioneiro, você também poderá determinar algumas políticas de venda. Poderá, por exemplo, determinar que os filhotes da raça sejam vendidos castrados. Se tiver interesse nesse tema, de uma olhada em nosso artigo.
Uma outra vantagem é que não há parâmetro quanto ao preço de venda. Portanto, quando um cliente pesquisar sobre o valor, ele irá comparar sempre com outra raça com a qual ele perceba semelhança de valor.
A concorrência é praticamente nula ou inexistente.
Riscos
Há poucos anos o bulldogue francês era um ilustre desconhecido… hoje em dia figura entra as raças mais populares do país.
O criador sabe muito bem o quanto uma raça sofre quando ela se torna popular. O ideal é que ela seja conhecida, mas que não seja popular. Tenha uma oferta de filhotes próximo a demanda e por um valor reconhecidamente bom.
Mas a popularização de uma raça envolve uma série de outros fatores. É muito difícil responsabilizar um único fator pela popularização. Portanto, divulgar a raça de maneira correta, no início, é a melhor forma de evitar que isso ocorra.
Uma eventual venda de filhotes castrados também poderia conter os acasalamentos indiscriminados. Embora seja difícil, na nossa cultura, implementar isso para os cães. Mas quando trata-se de uma raça nova, há uma oportunidade.
Vale a Pena?
Se o criador de fato gosta da raça. Vê nela vantagens significativas, sim vale a pena.
Como negócio, é um risco enorme, pois a divulgação e montagem do plantel podem exigir investimentos bem significativos para que o retorno do investimento ocorra.
Existem raças menos criadas, mas conhecidas que podem ser uma opção mais interessante em termos de negócio.
Mas quando falamos em hobby, pode ser um desafio extremamente prazeiroso introduzir uma nova raça, mesmo que financeiramente seja mais arriscado.